O bom filho a casa torna...
Não poderia ser diferente, venho, de verdade, procrastinando
a minha volta, não tenho um motivo certo, mas tenho tantos motivos que não
saberia encaixar um deles.
Vamos pensar assim: Apenas voltei...
Espero não mais me ausentar, porque aqui posso falar, posso
sentir, posso ser, sem censuras, e quantas censuras ando encarando com o passar
do tempo, quantas coisas sendo colocadas de lado e outras, que não são tão
importantes, sendo colocadas como prioridades. Não sei definir se estou à mercê
do tempo, ou se o tempo esta à mercê de mim.
Não consigo mais criar raízes, porque quando penso, já está
na hora de ir embora. Idas e vindas, talvez um Adeus, talvez um Olá, ou quem
sabe nunca mais...
O coração anda em prantos, por tantas partidas... Mas que
coração?!
Que saída?!
Que chegada?!
E quanta coisa de louco sendo escrita,
quanta sanidade sendo mascarada, quantas verdades sendo escondidas... Quanto
tempo já passou desde a última vez que sonhei?!
Acordei na vida real, não sei
mais onde estou e nem sei mais pra onde posso ir.
Pontos, vírgulas, loucuras, sorrisos, façanhas...
O mundo
parece estar cada vez mais redondo, ou pode ter sido a minha cabeça que se
enquadrou, ficou quadrada de tanto voltas e não parar em lugar algum...
Que
saudade... Saudade de quê? Saudade de quem?! Saudade de quando?!
Quantas perguntas, velho diário... Parece que a cabeça anda maior que quando
nos conhecemos, achas que progredi, meu querido?!
Acho que ando morrendo um
pouco a cada dia, e é essa certeza que me faz querer viver cada dia mais. Bebo vinho, bebo água, bebo as vidas que estão à minha volta.
Mas, sabe... Tô vivendo um dia de cada vez, dando o passo de
cada vez, respirando da maneira certa pra ver se não falta oxigênio no cérebro,
comendo as migalhas que a vida me oferece pra ir sobrevivendo, sendo mais dos
outros que de mim, e sabe... viver é uma arte, e se não for pela arte?! Disse
Áureo Gandur: Por que a alma pesando no corpo? E se não for pela arte? Porque a
alma pesando no corpo? Por quê?
Voltei mais intensa, mas voltei. Alegre-se.
Voltei mais de mim, mas
voltei. Espante-se.
Ficarei, mas sem criar raízes. Contente-se.
O objetivo é só deixar a marca, o gosto
doce, a lembrança, o que tenho a oferecer de mim. E nada mais.
Por hoje é só, talvez amanhã eu volte mais poesia, voltei
mais música, volte mais mundo e menos eu.